Um dia após a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – que afirmou que o país pode precisar importar arroz para equilibrar a produção e conter o aumento dos preços devido à quebra de produção gaúcha – os Supermercados BH e o Mart Minas amanheceram com placas que limitavam a compra de arroz por clientes, apenas cinco pacotes de cinco quilos por pessoa.
Apesar da ação das redes, a maioria dos supermercados de Belo Horizonte não deve fazer racionamento, já que a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais garante que não faltará fornecimento devido à tragédia que assola o Rio Grande do Sul.
Em Alagoas, alguns supermercados começaram a restringir a venda de pacotes do grão de arroz por pessoa a partir desta quinta-feira, 9. Comunicados que já circulam nas redes sociais mostram que o Unicompra limitou a compra de apenas cinco unidades por CPF. Já o Atacadão só está permitindo a compra de dez fardos por cliente.
A tragédia climática no Rio Grande do Sul, estado que mais produz arroz no Brasil, começa a afetar o restante do País. Diversas regiões têm restringido a oferta do produto para conter os estoques e conseguir continuar abastecendo a população. Um supermercado de Fortaleza, no Ceará, inclusive, comunicou aos clientes nesta quarta-feira (8) que, como medida preventiva, irá permitir a compra de apenas cinco pacotes de uma marca de arroz por pessoa física.
"Em virtude das intensas chuvas recentes que estão afetando o Rio Grande do Sul, importante região produtora de arroz, informamos que poderá haver impacto no abastecimento deste produto nos mercados. Como medida preventiva para garantir o acesso a todos, está limitada a quantidade de arroz a 5 unidades por CPF, por tempo indeterminado", informa o comunicado na prateleira do Atacadão Lag, no Mondubim. A restrição, no entanto, vale apenas para uma marca.
Segundo Daniel Moita, diretor-executivo do Grupo Lagoa, a marca com limitação de venda, Tio Manoel, é fabricada no Sul do País e já estava em promoção desde a semana passada, em um preço abaixo do normalmente praticado. Com a procura maior e antevendo uma eventual dificuldade de compra de arroz devido à produção comprometida no Rio Grande do Sul, o estabelecimento tomou essa decisão.
O arroz, um dos cereais mais consumidos no Brasil, e que faz dupla imbatível com o feijão, virou o centro da discussão, já que a maioria do cereal é produzida em lavouras gaúchas.
Contudo, de acordo com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa-MG), "não há cenário de desabastecimento de arroz" e que 80% da safra já foi colhida.
A Associação Mineira de Supermercados (Amis) informou que "o setor supermercadista está abastecido e com capacidade para atender toda a população mineira".
Porém, em Belo Horizonte, alguns supermercados estão limitando a venda do cereal para os clientes finais.
O presidente Lula afirmou, em discurso nesta quinta-feira (9), em São José da Tapera, que vai enviar para apreciação da Câmara dos Deputados, uma Medida Provisória que prevê importação do arroz de países sul-americanos para o Brasil.
De acordo com Lula, o produto deve ser importado de países como Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina. O objetivo da iniciativa, de acordo com o presidente, é baratear o preço do arroz no país.
"Hoje, estamos mandando a medida provisória para Lira colocar em votação que a gente vai ter que importar arroz da Bolívia, do Paraguai, do Uruguai, da Argentina para a gente baratear o preço do arroz e do feijão nesse país, que é comida essencial para o povo", afirmou o presidente.
O governo Federal informou que, em breve, deve autorizar, por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a compra de 1 milhão de toneladas de arroz para o mercado interno brasileiro, uma vez que os desastres no Rio Grande do Sul comprometeram parte da produção que viria para o mercado interno.
Lula está em Alagoas, onde já anunciou investimento de R$ 565,9 milhões para as obras de construção do trecho 5 do Canal do Sertão. Nesta sexta-feira (10), ele vai estar em Maceió para inauguração de unidades habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida, no Vergel do Lago.
Em nota enviada ao TNH1, a Associação dos Supermercados de Alagoas afirmou que ainda é cedo para avaliar o impacto da tragédia ocorrida no Rio Grande do Sul, como também prever alguns impactos potenciais no abastecimento de alimentos em Alagoas. Leia abaixo:
"Neste primeiro momento o setor vem, de forma imediata, se solidarizar com a população do RS e com os comerciantes, especialmente os supermercadistas que também foram fortemente atingidos. Junto com a Associação Brasileira de Supermercados e a Associação Gaúcha de Supermercados, estaremos engajados nas ações que socorram a população e garantam tanto aos supermercados quanto às indústrias atingidas o pleno restabelecimento para assim, continuar a prestar o serviço de abastecer a população.
O governo também vem adotando medidas para que não haja desabastecimento de nenhum item que seja produzido em larga escala pelo RS, como no caso do arroz. A orientação da Associação dos Supermercados de Alagoas é que os consumidores adotem o uso consciente e não façam estoques dos produtos. O setor supermercadista alagoano trabalha incansavelmente para garantir o abastecimento da população e não deveremos registrar a falta de quaisquer produtos".
À TV Pajuçara, o economista Renan explicou que possivelmente os preços dos alimentos possam sofrer alterações nas prateleiras caso a demanda não continue a ser atendida.
"É claro que isso a gente precisa ver e tomar cuidado com os abusos, por isso que entram aí também os órgãos fiscalizadores que dão certo equilíbrio. Então, essa questão de racionalizar é um primeiro passo para não criar uma pândega, para não criar uma crise, e aí tem dor de cabeça aquela coisa toda", comentou o economista.