A triste realidade que assola o país no que diz respeito a violência contra a mulher, crianças e adolescentes e abandono de incapaz vem alcançando números alarmantes também em Alagoas, muito notadamente em cidades do interior.
Menores abandonados pelos pais e entregues aos avós para adoção e criação fazem parte desses dados. Isso acontece principalmente pelo fato de existirem denúncias à Justiça, dando conta de maus tratos e falta de condições mínimas de sobrevivência por parte dos pais, padrastos, madrastas ou outros responsáveis.
Vale salientar que segundo reclamações, diante dessa realidade, a atuação dos Conselhos Tutelares Brasil afora deixa muito a desejar. Nessa quarta-feira (02), na cidade de Palmeira dos Índios, ocorreu um caso impressionante e lamentável, envolvendo três crianças que passam o maior tempo de seu dia nas ruas
O Fato
Passava das três e meia da tarde, quando o fiscal de rendas aposentado, Arnóbio Barros Júnior, chegava em sua residência, no bairro Paraíso, então fechada, e como faz habitualmente, o mesmo se dirigiu a uma das janelas laterais da casa para observar se havia algum movimento suspeito em um terreno baldio vizinho, quando se deparou com uma cena chocante: três crianças seminuas praticavam atos libidinosos; uma menina de apenas 6 anos de idade e dois garotos de 10 e 11 anos, M.L.L.M., M.C.S.C. e J.V, respectivamente.
O dono da casa imediatamente correu para a entrada do terreno para deter os menores, segundo ele com a intenção de procurar os pais, porém conseguiu segurar os dois mais novos, tendo o mais velho pulado um muro e fugido em disparada.
Em seguida, ao lado de vizinhos, diante de declarações das crianças, chamaram a polícia e ao mesmo tempo um representante do Conselho Tutelar da Região, como é praxe, que logo compareceram ao local para procederem às devidas providências.
Foi emocionante o que contou a garotinha de 6 anos, que afirmou não estar sendo forçada a nada, quando na ocasião ainda defendeu os “amiguinhos”.
Ela declarou que após ter passado pela FUNDANOR junto com a mãe que não lhe dá assistência alguma e tem um namorado que a espanca constantemente, foi obrigada a viver com a avó materna, que não tem tempo de cuidar de todos os netos, portanto, essa vida solta nas ruas. Disse ainda que queria ir mesmo para a FUNDANOR definitivamente, lá teria comida e cama para dormir, mas que gostaria que o garoto de 10 anos de idade fosse para casa e que sua mãe cuidasse dele.
Impressionante atitude de maturidade e generosidade para uma criança de 6 anos já tão sofrida. Ambos foram conduzidos à delegacia em companhia da equipe do Conselho Tutelar e de familiares, de onde, segundo o conselheiro responsável no momento, deveriam seguir para uma Casa de Acolhimento até a próxima terça-feira (08), quando o caso deverá ser analisado pelo Ministério Público.