Com um jogo disputado a menos, o Flamengo inicia o returno com 54,54% de chances de se tornar o campeão brasileiro de 2024, o maior potencial entre todas as 20 equipes da Série A. Devido a ter um jogo adiado, ainda pode se tornar o campeão do primeiro turno, caso derrote o Internacional por pelo menos dois gols de vantagem, fora de casa, em jogo adiado da 17ª rodada.
As derrotas em casa de Botafogo (para o Cruzeiro por 3 a 0) e Palmeiras (para o Vitória por 2 a 0) na abertura do returno derrubaram os desempenhos do segundo e do terceiro colocados da classificação, que já disputaram 20 jogos. Hoje, o Botafogo tem 17,70% de chances de ficar com o título, e o Palmeiras, 10,50%.
As chances de título são determinadas por modelos estatísticos aplicados pelo economista Bruno Imaizumi sobre microdados coletados pela equipe do Espião Estatístico desde 2013. Foram analisadas as características de 107.527 finalizações e resultados de 4.367 jogos de Campeonatos Brasileiros que servem de parâmetro para medir a produtividade atual das equipes no ataque e na defesa a partir da métrica de expectativa de gol (xG), consolidada internacionalmente.
Os dados ajudam a calcular o potencial que cada equipe tem para vencer os jogos restantes, considerando mando de campo e outras características ao fazer 10 mil simulações para cada partida a ser disputada, o que resulta nos percentuais do quadro abaixo. A metodologia empregada está explicada no final do texto.
Por exemplo, se uma equipe com desempenhos ofensivos e defensivos apenas medianos será visitante no segundo turno contra adversários que estejam com as melhores performances mandantes, as chances de vitória desse visitante são menores do que de um time eficiente e de alta produtividade ofensiva que tem agendados confrontos contra adversários que, neste momento, estejam com os piores desempenhos caseiros. Porém, conforme novos jogos vão sendo disputados, os potenciais futuros vão mudando, rodada a rodada. Essas são algumas possibilidades que explicam o fato de as chances não acompanharem exatamente as posições atuais da tabela de classificação: os potenciais futuros são diferentes dos resultados já conhecidos, entre outros motivos, devido à inversão de mandos no returno.
Como torcedores já sentem na pele há algumas rodadas, alguns clubes têm chances menores de permanecer na Série A do que outros, mas se os elencos começarem a conquistar no returno vitórias que não conseguiram no primeiro turno, esses potenciais vão mudando, de acordo, também, com os resultados de outros clubes. Quando clubes da parte de baixo vencem em uma rodada, as posições entre eles não se alteram.
O desempenho até aqui do Atlético-GO aponta que o clube goianiense tem o menor potencial para seguir na Série A no ano que vem, 13,99%. Com mais que o dobro de potencial, o Fluminense tem 35% de chances de seguir na primeira divisão do futebol nacional. A equipe carioca não perde há quatro jogos e vem de três vitórias consecutivas. Em rodadas recentes, apenas Fortaleza e Flamengo ficaram com os nove últimos pontos que disputaram. Se mantida essa performance, as chances do Fluminense ficar na Série A passariam a ficar cada vez maiores, permitindo sonhar mais alto.
Grêmio e Cuiabá disputaram dois jogos a menos que o Corinthians e, por isso, apesar de estarem atrás na classificação do campeonato, têm potencial maior para permanecer na Série A em 2025. Veja abaixo as chances de cada clube.
Enquanto Copa do Brasil, Sul-Americana e Libertadores não estiverem decididas, os quatro primeiros colocados no Brasileirão se classificam para a fase de grupos da Libertadores do ano que vem, enquanto o quinto e o sexto colocados disputam uma fase preliminar.
Caso os campeões das três competições estejam entre os primeiros colocados do Brasileirão, novas vagas classificatórias para a Libertadores serão abertas no nacional. Por enquanto, apresentamos as chances de as equipes terminarem o Brasileirão até a quarta e até a sexta colocações.
Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de "Gols Esperados" ou "Expectativa de Gols" (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência as finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 4.367 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013.
As variáveis consideradas no modelo são: (1) a distância e o ângulo da finalização em relação ao gol; (2) se a finalização foi feita cara a cara com o goleiro; (3) se foi feita sem a presença do goleiro; (4) a parte do corpo utilizada para concluir; (5) se a finalização foi feita de primeira, ajeitada ou carregada; se o chute foi feito com a perna boa ou ruim do jogador; (6) a origem do lance (pênalti, escanteio, cruzamento, falta direta, roubada de bola, lateral etc); (7) se a assistência foi feita de dentro da área; (8) a posição em que o atleta joga; (9) indicadores de força do chute; (10) o valor de mercado das equipes em cada temporada a partir de dados do site Transfermarkt (como proxy de qualidade do elenco); (11) o tempo de jogo; (12) a idade do jogador; (13) a altura do goleiro em jogadas originadas de bolas aéreas; (14) a diferença no placar no momento de cada finalização.
De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo. Essa variação indica as chances de os times vencerem cada adversário e, a partir daí, é calculada a chance de os clubes terminarem o campeonato em cada posição.
O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar o campeonato em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.
*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Davi Barros, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, João Guerra, Leandro Silva, Roberto Maleson, Roberto Teixeira, Valmir Storti e Zé Victor Meirinho.